A imunonutrição e importante nos pacientes em estado crítico, cirúrgicos ou traumatizados apresentam uma série de alterações metabólicas e hormonais que visam a homeostase corporal. Estas alterações ocasionam inúmeros efeitos o qual levam ao catabolismo exacerbado, prejudicando assim o estado nutricional do paciente, expondo-o a um risco maior de infecções, dificuldade de cicatrização, maior tempo de internação hospitalar e em UTI – Unidade de Terapia Intensiva.
O organismo entra em um estado de dinamismo entre a resposta inflamatória sistêmica e a resposta anti-inflamatória compensatória, levando o sistema imunológico ao caos. Falhas podem ocorrer nos mecanismos de ativação e proliferação de células do sistema imune, causando atrofia da mucosa do tubo digestivo e facilitando o surgimento de infecções, assim como redução na produção de imunoglobulinas influenciando toda a resposta imune.
Evidências garantem que o aporte de nutrientes específicos pode resultar em melhora dos resultados finais, devido sua ação de modular a resposta imune e/ou metabólica do individuo. A capacidade dos nutrientes de influenciar na atividade de células do sistema imune é definida como imunonutrição. Os nutrientes com principais propriedades imunomoduladoras atualmente são a arginina, ácidos graxos ômega 3 (w-3), glutamina, nucleotídeos, micronutrientes e vitaminas antioxidantes.
A arginina, considerada um aminoácido condicionalmente essencial em estados de estresse, tem o papel de promover a síntese proteica e reduzir infecções em pacientes cirúrgicos. Porém, em pacientes críticos com sepse ou infecção grave, esses resultados não foram encontrados, sugerindo, ainda, que o uso da suplementação de arginina nestes pacientes poderia aumentar o risco de infecção e mortalidade. A glutamina é o substrato principal de células de recuperação rápida, como enterócitos e células imunes. Estudos apontam que a utilização da glutamina contribui com a diminuição de complicações infecciosas, principalmente em pacientes traumatizados e queimados. Já os ácidos graxos ômega 3, outro imunonutriente, tem a capacidade de diminuir a produção de citocinas pró-inflamatórias e eicosanoides, melhorando a resposta inflamatória e a imunossupressão.
Estudos randomizados demonstram que a utilização de fórmulas imunomoduladoras diminuem as complicações infecciosas e o tempo de internação em pacientes com neoplasias digestivas, estando ou não em um estado de desnutrição. Outros estudos apontam, ainda, que a administração de fórmulas contendo ácidos graxos ômega 3, comparada com fórmulas padrão, foram capazes de reduzir o tempo de dias em ventilação mecânica, o tempo de internação em unidades de terapia intensiva, a incidência de falência de órgãos e a mortalidade.
Segundo o ESPEN – European Society for Metabolism and Nutrition – o uso de imunonutrição no trauma e em pacientes com câncer gastrintestinal que serão submetidos à cirurgia, independente do seu estado nutricional, têm grau de evidência A. Para pacientes sépticos, porém, o uso de fórmulas contendo nutrientes imunomoduladores como arginina, glutamina e ácidos graxos ômega 3, não é recomendado em pacientes com sepse severa. Em contrapartida, a ASPEN – American Society for Parenteral and Enteral Nutrition – recomenda que fórmulas enterais com imunomoduladores (arginina, glutamina, ácidos nucléicos, w-3 e antioxidantes) devem ser usadas em pacientes críticos, com especial atenção àqueles com sepse grave.
O uso de nutrientes imunoduladores no perioperatório é capaz de atenuar a resposta inflamatória e modular a resposta imunológica. A terapia nutricional se torna fundamental em pacientes críticos, uma vez o estado nutricional afeta diretamente na evolução clínica do mesmo.