Nutrição

Avaliação Nutricional: Qual Sua Importância Nos Pacientes Hospitalizados ?

A desnutrição engloba qualquer desequilíbrio nutricional envolvendo a subnutrição e a obesidade, mas, em sua maioria, o termo tem sido usado como sinônimo de subnutrição, podendo ser verificada em indivíduos que precisam de quantidade adequada de calorias, proteínas ou outro nutriente, para manutenção das funções orgânicas e reparo tecidual. A desnutrição hospitalar é um problema de saúde pública e está associada ao aumento significativo de morbidade e mortalidade. Estima-se que esteja presente entre 20 a 50% dos pacientes hospitalizados, dependendo dos critérios de avaliação utilizados. A incidência de desnutrição entre os pacientes adultos hospitalizados no Brasil está estimada em torno de 48% (Inquérito Brasileiro de Avaliação Nutricional Hospitalar – IBRANUTRI). Ainda, a desnutrição associada a perda de peso contribui para um pior prognóstico pois aumenta a incidência de infecções, o número de complicações como pneumonia, sepse, úlceras de pressão, e as complicações pós-operatórias, elevando os índices de morbidade e mortalidade destes pacientes, com consequente piora da qualidade de vida dos mesmos, gerando maior período de internação e custos hospitalares.

A avaliação do estado nutricional constitui matéria abrangente, cujos métodos, para ter importância clínica, devem comportar precisão, especificidade ao estado nutricional e sensibilidade às suas modificações, além de apresentarem fácil aplicabilidade e reprodutibilidade. Consiste de doiscomponentes: avaliação nutricional e avaliação metabólica. A avaliação nutricional (AN)mensura, de modo estático, compartimentos corporais e examina as alteraçõescausadas pela subnutrição. A avaliação metabólica inclui a análise das estruturas efunções de órgão e sistemas, de alterações metabólicas relacionadas à perda depeso e massa magra e outros compartimentos corporais, e a resposta metabólica aintervenção nutricional. A história do paciente e o exame físico são requeridos parauma adequada avaliação do estado nutricional, devendo focar a história de peso, hábitoalimentares não usuais e restrições, função gastrointestinal, avaliação física incluindoaspecto geral do paciente, presença de edema, ascite, caquexia, obesidade,alterações cutâneas, alterações mucosas, glossite,estomatite ou queilose.

A inserção de um método de triagem nutricional tem sido recomendada por diversas organizações, dentre elas o Ministério da Saúde, que tornou obrigatória a implantação de protocolos para pacientes internados pelo SUS como fator condicionante para remuneração de terapia nutricional enteral e parenteral, visto a capacidade desse método de avaliar efeitos físicos e fisiológicos adversos de pacientes com doenças crônico-degenerativas ou lesões agudas. Cabe ao profissional nutricionista realizar a triagem e AN, com base em protocolos pré-estabelecidos nas instituições, identificando o risco ou a deficiência nutricional presente nos pacientes. A AN deve ser repetida, no máximo, a cada 10 dias e precede a indicação da terapia nutricional. Não há método de avaliação considerado padrão-ouro, ou seja, o mais adequado, porém a Sociedade Europeia de Nutrição Parenteral e Enteral (ESPEN) recomenda o uso de várias ferramentas para triagem e avaliação nutricional, incluindo a Avaliação Subjetiva Global e a Mini Avaliação Nutricional, sendo esta específica para pacientes acima de 60 anos. Tanto a ESPEN quanto o DITEN (Projeto Diretrizes em Terapia Nutricional Enteral da Associação Médica Brasileira e Conselho Federal de Medicina) recomendam o uso da MAN para pacientes geriátricos.

 

Referências:

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  • Portaria 272 MS/SVS de 08 de abril de 1998.
  • Portaria SAS Nº 131 de 08 de março de 2005.
  • Resolução da Diretoria Colegiada – RCD n° 63, de 6 de julho de 2000.

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